Eldorado/Estadão - Trigo vira sucesso: a multiplicação dos pães!
Publicado em 26/09/2022
Divulgação AbitrigoO tema hoje é trigo, o pão nosso de cada dia. Estou no 29º Congresso Internacional da Indústria do Trigo, em Foz do Iguaçu, e gravei com o embaixador Rubens Barbosa o comentário de hoje. Ele é o presidente executivo da Abitrigo – Associação Brasileira da Indústria do Trigo.
Nos últimos dois anos crescemos a produção do trigo consideravelmente e o setor se organiza para buscar cada vez mais a autossuficiência. Dependemos de 60% das importações.
Perguntei ao embaixador o que podemos dizer do pão nosso de cada dia:
“O trigo está se tornando em uma grande oportunidade para o setor privado aqui no Brasil. Nós estamos saindo de uma posição de dependência externa, durante todos esses anos nos quais o Brasil para atender o mercado doméstico importava 60% do trigo que consome. E desses 60%, 80% vinha de um único país. Era uma vulnerabilidade inaceitável para um país continental com 215 milhões de habitantes. A Abitrigo propôs para o atual governo uma política nacional do trigo. A Embrapa propôs também uma série de medidas e um programa para a expansão da produção do trigo, fora das áreas tradicionais, no Rio Grande do Sul e Paraná, para o trigo tropical no Norte do Cerrado, no sul do Ceará, no Piauí, no oeste da Bahia, e os estados também estão começando a aumentar sua produção. Por que que se deu esse fenômeno mais recente em minha opinião? Porque nesses últimos 4 anos o preço do trigo subiu significativamente e especialmente esse ano por causa da guerra na Ucrânia, em que o trigo bateu recordes históricos e os plantadores que focalizam soja e milho, estão agora também focalizando o trigo porque a remuneração é muito boa. Isso para o Brasil é fantástico porque nós estamos reduzindo a nossa dependência externa, nós vamos ainda continuar por alguns anos a importar trigo, porque o Brasil também nessa oportunidade da desorganização do mercado global passou a ser um exportador significativo de trigo e eu acho que a médio prazo, em si, em 5 ou 10 anos, o trigo vai ser como os outros grãos que têm uma participação importante no mercado internacional e o trigo vai atender ao mercado interno. Vai ser como a soja e o milho. Mas nós vamos continuar a importar por causa da vantagem competitiva do trigo argentino, pela proximidade, por algumas regiões, mas na minha visão vai diminuir a importação do trigo argentino, mas nós vamos continuar a importar por muitos anos o trigo argentino completando a nossa produção interna, porque a exportação também vai aumentar”.
E para finalizar perguntei sobre o futuro governo e o embaixador Rubens Barbosa disse que seja quem vier a ser o novo governo, que o setor privado precisa ser muito mais protagonista e esperar menos de governos.
“Eu acho que sobretudo o setor do agronegócio, que é hoje o setor dinâmico da economia, há uma agenda que tem de ser levada adiante, inclusive na questão da reforma, na questão da logística, e isso tem de merecer um apoio muito explícito do setor privado pressionando legitimamente o governo, seja quem for, para levar adiante essas transformações que ainda são necessárias para o Brasil”.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.