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DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Voz de líder: Normando Corral, presidente da Famato e do Coagro/Fiemt fala dos 5 fatores sagrados do agro para os futuros presidenciáveis

Publicado em 20/07/2022

Divulgação Famato
Normando Corral, presidente da Famato e do Coagro/Fiemt

Normando Corral, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato) e do Conselho da Agroindústria (Coagro) da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), manda seus cinco fatores sagrados para os presidenciáveis sobre agronegócio.

“Olá Tejon, coloco aqui os cinco pontos que o próximo governante, ou os próximos governantes, deveriam prestar atenção para o desenvolvimento agropecuário no Brasil.

O primeiro é quanto à insegurança jurídica. Nós temos um arcabouço jurídico gigantesco que causa uma demora excessiva em julgamentos de processos. As normas estão desatualizadas e muitas vezes conflitantes. Acho que não podemos também continuar revisando decisões legais já tomadas por tribunais. Como exemplo, no nosso caso, o da Raposa Serra do Sol e também do Funrural.

O segundo item eu colocaria desburocratização. Olha, eu estou falando de uma coisa lá do governo Figueiredo, de mais de 40 anos atrás, feita pelo ministro Hélio Beltrão, quer dizer, não conseguiu que fosse feito. Excesso de leis, normas, portarias, instruções normativas, sejam elas fiscais, tributárias, ambientais, trabalhistas, e a lentidão do sistema cartorial no Brasil é um obstáculo para o nosso desenvolvimento.

Esses dois itens que citei acima desestimulam o empreendedorismo e nos faz perder competitividade no mercado. Não seremos nunca um país desenvolvido se não resolvermos esses dois itens.

O terceiro também que eu acho é planejamento estratégico. Nós temos de olhar o futuro de outra forma, temos de estudar e entender o mercado interno, externo e a questão alimentar. Saber quais serão as demandas e de onde elas virão. Estabelecer metas e planos de ação para antecipar essas demandas, sejam elas sanitárias, de infraestrutura ou, exclusivamente de mercado. Se não tivermos preparados, hoje somos um grande player no mercado internacional em exportação de alimentos, nós podemos perder muitos mercados.

O quarto item é pesquisa e extensão rural e eu coloco como muito importante. O Brasil passou de importador para exportador de alimentos nos últimos 50 anos, 50 anos atrás importávamos quase tudo que consumíamos e hoje somos grandes exportadores e temos excedente de produção. Isso foi graças à ciência. Conquistamos isso graças ao conhecimento adquirido através do estudo e da pesquisa. O Brasil é o país que detém o maior conhecimento em agropecuária em clima tropical e isso, principalmente, graças a Embrapa. A pesquisa e extensão rural não pode ser negligenciada por falta de atenção ou recursos. O retorno disso tem sido formidável ao longo de todo o tempo. E nós não podemos deixar que outros países ou empresas multinacionais se apoderem desse conhecimento. Pode até fazer pesquisa e estudo. É bom que o façam, mas nós não devemos perder o nosso poder, o conhecimento de tudo isso aí que adquirimos em tão pouco tempo.

O quinto e último item que eu coloco é o da atuação diplomática. A questão de nós conquistarmos mercados externos, ela deve ser feita junto com o corpo diplomático, quer dizer, governo e iniciativa privada. A conquista e a manutenção de mercados por países ao redor do mundo têm sido feitos por países dessa forma durante toda a história. Nós não podemos só achar que a iniciativa privada vai conseguir ir lá e disputar mercado, não, tem que ter o amparo do aparato diplomático que os países têm em todo o mundo. A ex-ministra Tereza Cristina fez isso com grande competência em sua posição e é isso que nós devemos continuar fazendo.

É dessa forma, com cinco pontos bem objetivos, que eu coloco aqui para que os próximos governantes prestem atenção. Obrigado, grande abraço!”

Seus cinco pontos abordam:

1 - Uma revisão, uma reforma de normas, regras objetivando segurança jurídica no campo.Existem conflitos por exigências excessivas.

2 - Ao lado disso ele pede uma desburocratização, e relembra Hélio Beltrão há 40 anos como ministro dessa pasta, que não obteve êxito. O excesso e a confusão de normas, regras e leis permite uma máxima utilizada pelo Getúlio Vargas no passado: “aos amigos tudo, aos inimigos a lei”.

3 - O terceiro ponto é um planejamento estratégico, com metas e entendimento dos mercados interno e externo.

4 - Compromisso com a pesquisa, pois sem ela não teríamos chegado onde chegamos, principalmente a Embrapa. E Normando salienta um cuidado especial sobre segurança nacional científica.

5 - E o 5º ponto trata da diplomacia. Iniciativa privada e corpo diplomático precisam agir juntos. Mas não conquistaremos mercados apenas com a iniciativa privada. A ministra Tereza Cristina fez um bom trabalho, isso precisa ser fortalecido.

Aí foi a voz do líder agro do maior estado produtor de grãos e carnes do planeta terra!

José Luiz Tejon, para a Eldorado/Estadão.

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