Eldorado/Estadão - Voz de líder: Só um Plano Safra não. Precisamos de um Plano Safrão!
Publicado em 11/05/2022
Divulgação FGVO ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV), líder reconhecido mundialmente, envia na sua “voz de líder” uma mensagem que considero um marco histórico para o futuro do agronegócio brasileiro nesta década.
Ele considera que o Brasil tem neste cenário global uma “contribuição que deve ser majoritária no combate à fome, à inflação de alimentos, na produção que pode aumentar significativamente em nosso país”. Então ele afirma que “temos de ter um Plano Safra de tempo de guerra”. Eu batizei de um Plano Safrão, não apenas mais um Plano Safra.
Nesta semana o presidente da Ucrânia Zelensky declarou ao presidente do Comitê Europeu, Charles Michel: “sem as nossas exportações agrícolas, dezenas de países em diferentes partes do mundo já estão à beira da escassez de alimentos”. Além da guerra, em dois países exportadores de grãos, o clima não tem sido favorável no Brasil e em diversas áreas do planeta, por isso o alerta do ministro Roberto Rodrigues.
Vamos ouvir. E ler a transcrição, na íntegra, do podcast do Jornal Eldorado, Agroconsciente , abaixo 👇
“Oi, Tejon, dentro de poucas semanas será anunciado o Plano de Safra 2022/2023 que define as regras de ação governamental para a safra ser colhida no ano que vem. Aí vem o crédito rural, o preço de garantia, juros, etc. Nós sabemos que os custos de produção subiram muito por causa da pandemia e da guerra na Europa, e por outro lado a economia brasileira não vai muito bem. Então a disponibilidade de crédito não parece ser adequada a demanda brasileira. Só que essa demanda tem que ser considerada em um cenário maior, em um cenário global. O Brasil não pode ser isolado do resto do mundo. O mundo vive hoje uma inflação de alimentos muito forte provocada também pela pandemia e pela guerra e também pelo desemprego e a economia decadente no mundo todo. Portanto é preciso uma contribuição para rever a inflação de alimentos e reduzir esse problema de fome no mundo. E o Brasil tem um papel majoritário nisso. Não é um papel pequeno, é muito grande. Nós somos um dos poucos países do mundo que é capaz de aumentar a produção bastante de um ano para o outro. Mas isso depende de crédito, de um Plano de Safra consistente, com juros adequados, com tributação adequada, com preço de garantia que permitam ao país aumentar significativamente a produção de alimentos, reduzindo a fome no mundo e a inflação de alimentos e, ao mesmo tempo, garantindo a renda ao produtor brasileiro. Então temos de ter um Plano de Safra de tempo de guerra. Em tempos de guerra a resposta é aumentar a produção, garantir alimento para todo mundo, sem que isso represente perdas para o país que exporta. Então é um Plano de Safra para tempos de Guerra, mais crédito, menos juros, menos tributos, mais exportação. É isso aí meu amigo, vamos a obra!”, Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Roberto Rodrigues, que também é embaixador do Cooperativismo na FAO, considera que o Plano Safra 2022/23 precisa estabelecer crédito rural, preços de garantia, juros, virá com dificuldades em função da situação ruim da economia brasileira.
O ex-ministro pede que o Brasil, na condição de ser um dos poucos países do mundo capaz de aumentar a produção de um ano para o outro, tenha um Plano Safra consistente, ousado e que seja pensado em tempos de guerra, com:
- Mais crédito
- Menos juros
- Menos tributos
- Mais exportação
Um super Plano Safra, de olho na necessidade de termos de verdade um Safrão, garantindo renda para o produtor rural e abastecimento interno e mundial. Dobrar o agro de tamanho, dobrar a produção, hora de irmos além de um clássico Plano Safra. Hora de criarmos um Plano Safrão. Crédito, incentivo para muito mais produção, sem deixar os produtores sozinhos no risco. Assumirmos todos como nação.
Dos atuais 270 para 500 milhões de toneladas de grãos nesta década. Um Plano Safra de guerra. Um Safrão. E, ministro, eu diria: nada de esperar por eleição!
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.