Fruticultura: de patinho feio do agro para um novo cisne de prosperidade
Publicado em 29/03/2021
DivulgaçãoPrecisaremos reerguer a economia brasileira e buscar a erradicação da pobreza no país em todos os elos do agronegócio. A potencialidade da fruticultura brasileira é um mar azul para legítimos “cisnes” navegarem e ali a prosperidade para muitos ser criada. A Abrafrutas, Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e derivados inicia nesta semana, junto com sua assembleia geral, o programa de planejamento estratégico setorial da fruticultura nacional. Os números são espetaculares para qualquer um que olhe as oportunidades muito acima das dificuldades.
Assistindo uma live do Luiz Roberto Barcelos, da Abrafrutas, com o ex-ministro Roberto Rodrigues, e em uma reunião online que tive com Eduardo Brandão e Jorge de Souza, gerente técnico de projetos, os números são um legítimo oceano azul de potencialidades. O comércio internacional de frutas gira um movimento de cerca de US$ 140 bilhões anuais. O Brasil vende cerca de US$ 900 milhões, ou seja, acessamos apenas cerca de 0,6% desse mercado mundial. Melhoramos nos últimos anos, saindo de algo como US$ 500 milhões para quase US$ 1 bi atualmente.
Porém, olha que distância desafiadora e motivadora para objetivarmos, de 0.6% para 6% ou 10%? Imagine incluirmos as frutas exóticas dos distintos biomas brasileiros? E adicionar valor com a agroindústria? Com o comércio? E a multiplicação dos serviços, onde frutas significam sinônimo de educação alimentar, e saúde.
Somos o 3º maior produtor de frutas do mundo, 40 milhões de toneladas e exportamos apenas 3%. E o mercado interno? Temos exemplos de sucesso, sim, nas frutas. O IDH de Juazeiro na Bahia e Petrolina em Pernambuco quase dobrou de tamanho antes, para depois da fruticultura com irrigação do Vale do São Francisco: de 0,470 antes, para 0,752 agora.
Maçãs no Sul, manga, melão, melancia, uvas, limão, laranjas de mesa, bananas maravilhosas e por que não até a nossa jabuticaba para em nome dela lembrar desde o “a” do abacate até o “x” do “xixá” nome tupi significando fruto igual a um punho fechado. Ou o “z” do zimbro que serve até para o Gin.
Se o potencial externo é exponencial, o do mercado interno também. A OMS recomenda 140 kg percapita ano de consumo de frutas e consumimos menos da metade, 58 kg per capita. Empregos para cada hectare, 2 empregos diretos. Somam 5 milhões no país. Isso sem contar toda economia indireta envolvendo a fruticultura. Imagine se crescermos 10 vezes na exportação e se nos aproximarmos a 2/3 da recomendação do consumo interno da OMS país? Poderíamos falar em gerar um total de 10 milhões de empregos diretos e indiretos? Nao tenho dúvida.
Mas como escreveu o barão de Itararé chargista gaúcho inesquecível: “tudo seria fácil se não fossem as dificuldades”. Bem-vindos ao mundo amigos. Nada está pronto e muito menos perfeito. Nossa missão é exatamente a de realizar e parar de reclamar e existimos para aperfeiçoar as imperfeições, assim escrevo no meu último livro: O poder do incômodo (Editora Gente). Temos que superar os incômodos estruturais , relações internacionais , registro de defensivos para os mini crops, competidores com favorecimentos , custos da logística , tributação etc.
Mas, sem dúvida, se já temos brasileiros realizando, exportando, acessando os supermercados, as novas redes hortifruti, fazendo delivery, e até na caatinga a cooperativa Coopercuc, de Canudos, Uauá e Curaça faz compotas, doces dos frutos do sertão e exporta para Áustria e Alemanha, e sua presidente Denise Cardoso incentiva que brasileiros também acessem seu delivery; a partir dos casos bem sucedidos que realizam, devem nos servir de inspiração à todos.
Cabe a sociedade civil organizada atuar. Parabéns a Abrafrutas e demais entidades ligadas a esse universo de riqueza disponível para muitos, não apenas para alguns. O planejamento estratégico começa em casa. Depois precisa envolver os demais stakeholders para criarmos uma real administração de cadeia de valor, como o conceito de agribusiness já explica desde os anos 50, com o prof. Ray Goldberg de Harvard e no Brasil com o saudoso Ney Bittencourt de Araújo que presidiu a Agroceres e fundou a Abag no início dos anos 90.
A fruticultura é uma restauração do paraíso. Poderíamos criar essa imagem poética, e além do Brasil celeiro do mundo, como falamos na agropecuária, ou como o Brasil supermercado do mundo como fala a Abia (Associação Brasileira da Indústria da Alimentos e Bebidas) seremos o “pomar do mundo”, como fala a Abrafrutas. Um cisne de prosperidade desenvolvendo um oceano azul para todo povo brasileiro. Somos ótimos dentro da porteira, agora o negócio é negociar, vender e entregar. Administração pura de marketing, comércio, com associativismo e cooperativismo.
José Luiz Tejon para a Rádio Eldorado.