Investigação de Trump é guerra comercial ao agro do Brasil.
Publicado em 18/07/2025

A guerra declarada de Trump ao Brasil tem objetivo estratégico claramente definido: o agro tropical brasileiro. Competimos de forma totalmente desigual mas conseguimos vitórias “de igual pra igual“.
Temos problemas, não somos perfeitos, não temos planejamento estratégico e muito menos investimentos gigantescos de subsídios da FARM BILL USA, e temos uma distância gigantesca da maior economia do mundo com cerca de US$ 30 tri de PIB X a brasileira com um pouco mais de US$ 2 tri. Ou seja os Estados Unidos é 15 vezes maior do que o Brasil economicamente falando. E no agronegócio? Da mesma forma, os Estados Unidos tem uma agricultura na casa de US$ 1.650 tri, e uma soma total do seu complexo agroindustrial na casa de US$ 6 trilhões. Um irmãozão grandão do norte, versus um irmãozinho aqui do Sul com uma agricultura na casa de US$ 200 bi somos cerca de 10% da agricultura dos Estados Unidos em dólar, e no complexo agroindustrial também os Estados Unidos movimentam em torno de US$ 6 trilhões e nós aqui no máximo chegamos a US$ 600 bi, quer dizer o irmãozão grandão do Norte é em torno de 10 vezes maior do que o nosso agronegócio. Então por que Trump declara guerra ao agronegócio brasileiro?
No início o tal do tarifaço vinha embalado num assunto político. Mas logo a maquiagem começou a cair. O tarifaço atinge em cheio o ponto vital hoje do Brasil, o seu lado mais competitivo com o mundo e para o mundo exatamente a nossa agricultura tropical. E incomodamos o campeão mundial USA, não com café, pois precisam e agregam 43 vezes mais valor a cada dólar importado. Não no suco de laranja, pois compram do Brasil porque precisam, não nas carnes, apesar de terem o maior movimento mundial nas carnes, no beef, a carne brasileira se serve extraordinariamente na indústria do hambúrguer por ter custo incomparável e qualidade notável em função da originação tropical brasileira a pasto.
E no algodão bom lembrar a vitória de Pedro de Camargo Neto na OMC contra os Estados Unidos por práticas desonestas no comércio. O Brasil venceu, somos hoje o maior exportador mundial.
Veio então a “investigação“. Ordenou investigar comercialmente o Brasil por práticas imaginadas lesivas aos Estados Unidos e parte pra cima de dois itens muito fortes para o Brasil, o etanol e desmatamento, este último de objetivo extraordinariamente maquiavélico. Vamos ao primeiro, mesmo na desproporcional competitividade entre agro USA x Brasil, superamos o irmãozão do Norte nos últimos 20 anos de forma “improvável“ na soja, no suco de laranja, na exportação das proteínas bovinas, avícolas e suínas, nas fibras da indústria das árvores celulose. E com o plano dos biocombustíveis despertamos o milho para um potencial de crescimento extraordinário usando a tecnologia brasileira de duas safras, e com a chegada de investimentos nacionais e internacionais em instalações industriais para processamento de etanol. Além do etanol da cana de açúcar, único e essencial para o próprio Estados Unidos, partimos para o biodiesel, e isso ao lado de modelos como integração lavoura pecuária e florestas, e regeneração de áreas de pastagens degradadas, iremos inegavelmente nos próximos 15 anos dobrar o agro brasileiro de tamanho e significar para o mundo inteiro um pais de segurança alimentar, energética e ambiental. Onde o milho terá gigantesco crescimento. Milho que nos Estados Unidos significa o seu símbolo maior, com mais de 430 milhões de toneladas ano. Quer dizer, como Roberto Rodrigues afirma, um país da paz. Onde alimento não seria mais usado como arma de guerra, nos típicos embargos históricos.
Ataque ao etanol brasileiro, é ataque ao milho, e a cana de açúcar, a qual a tarifa americana é da ordem de 80% sobre o açúcar do Brasil.
E o ataque, a investigação ao tema desmatamento? Óbvio, maquiavélica propaganda manipuladora contra o agro brasileiro onde dir-se-ia: “atenção consumidores do mundo, para cada tonelada da soja, da carne, do milho, do etanol, algodão etc do Brasil, vocês estão ajudando a desmatar e queimar florestas tropicais. Não comprem do Brasil, lá eles desmatam aqui nós temos a mais sustentável agricultura do mundo. Fake.
Portanto a guerra que Trump declara ao Brasil não é política, apesar de estar vestida de “líder do mundo livre X o outro mundo“, é uma guerra ao agronegócio, a força motriz da economia do Brasil, ao etanol, a soja, do A do abacate ao Z do zebu.
Significa também agradar suas bases eleitorais nos Estados Unidos, os agricultores americanos que não estão nada satisfeitos por perderem mercados para o Brasil e outros insatisfeitos com escassez de mão de obra face a outra guerra, a dos imigrantes, ilegais ou não.
O agro brasileiro vai dobrar de tamanho nos próximos 15 anos, por ser absolutamente impossível parar o que aprendemos a fazer na faixa tropical do planeta, no “tropical belt“. O mundo precisa de nós.
In memorian a Alysson Paolinelli: “quem trouxe o mundo até aqui foi a agricultura de clima temperado, daqui pra frente será a tropical“.
E o Brasil é um grande cliente também das indústrias americanas de máquinas, das empresas de genética, químicas, veterinárias, sistemas etc, além de termos aqui no país filiais das maiores corporações norte americanas do setor de trading e agro-industriais. A maior parte da sociedade americana não estará a favor de uma guerra comercial com o Brasil, nossas relações empresariais provam isso e o bom senso irá prevalecer. Que este “poder do incomodo“ nos leve a evolução e um “ganha ganha 4 all“.
Temos muito mais a fazer juntos na paz do que na guerra comercial. Segurança alimentar, energética, ambiental e social de todas as nações. Capitalismo consciente envolve agroconsciente.