CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Rádio Eldorado/Estadão - O mundo mudou, o tarifaço fracassou!

Publicado em 21/11/2025

Divulgação
A nova economia é formada por cadeias produtivas mundiais que estão além das fronteiras de cada país cada vez mais.

A nova economia é formada por cadeias produtivas mundiais que estão além das fronteiras de cada país cada vez mais. Os Estados Unidos com um PIB na casa de US$ 30 trilhões, onde o complexo agroindustrial, seu agribusiness, movimenta mais de 20% do seu PIB, algo como US$ 7 trilhões, mais do que três vezes todo PIB brasileiro, é simplesmente impossível ser alimentado e suprido pela sua própria agropecuária, não apenas dos produtos agrícolas tropicais, mas também pelos que pode produzir nas suas fronteiras como citricultura, açúcares, carnes, produtos florestais e outros do A do abacate ao Z do Zucchini (abobrinha no italiano).

Portanto decisões erradas com desejos de líderes ególatras tão bem representados globalmente pelo Sr. Donald Trump, trocando as realidades da economia e do comércio pelas ilusões da egonomia, servem para atrapalhar, tirar o foco da prosperidade, ganhar mídia internacional, atrasar o desenvolvimento, atrair outros ególatras planetários, mas cedo ou tarde fracassam.

O complexo agroindustrial é a expressão da tradução de agribusiness: agronegócio. Um sistema que está umbilicalmente integrado desde o melhoramento genético de plantas e animais, até os sabores e desejos de consumidores finais, passando pela originação rigorosa do setor agropecuário, pelo comércio, industrialização e serviços e suas marcas que comandam o marketing. Está antes, dentro e além das fronteiras geográficas dos países.

Esse sistema econômico não permite mais alterar as procedências dos produtos agrícolas como antigamente quando não importava de onde vinham as commodities e nem como eram produzidas. Hoje o complexo agroindustrial segue rigores de compliance, qualidade, logística, custos, exigências ambientais e sociais. É a nova economia. Além de contratos de suprimentos estabelecidos com planejamento estratégico e aportes financeiros envolvendo diversos agentes e intermediários com diferenciais para cada marca de alimentos, bebidas, moda, energia, etc.

É impossível substituir numa canetada o suprimento do café brasileiro para o maior mercado consumidor do mundo, por exemplo. Além da quantidade, existe algo muito maior do que os volumes, se trata da segurança da procedência sob rigores de saudabilidade e de estruturas ESG, onde as marcas que agregam valor transformando cada 1 dólar em 43 dólares para o café, por exemplo, passam a ter na sua rede de fornecedores agrícolas parte fundamental do produto processado, na mão do consumidor final. Onde até a polinização do café com abelhas no campo conta na sua diferenciação numa xícara saboreada por um casal de jovens apaixonados em Shenzhen, China, ou em Nova Iorque.

Logo suco de laranja, carnes e seus cortes, frutas, algodão, açúcar, batatas, café  toda e qualquer “commodity” não pode mais ser chamada de apenas “commodity”, pois vem cercada e certificada de procedimentos, de padrões de qualidade, desde seu plantio ou criação e fazem parte essencial das suas marcas nos restaurantes, cafeterias, lanchonetes, fast food, padarias, supermercado e todo delivery.

Portanto o fracasso do tarifaço, obra da egonomia, perdeu feio para as realidades da nova economia onde quem não decifrar o que agribusiness traduzido para agronegócio significa, continuará tendo uma visão de mundo de 40 anos atrás e não entendendo nada das mudanças gigantescas desde 1985 até 2025, e que continuarão cada vez mais cheias de detalhes e vinculações que não podem ser desfeitas por ímpetos de “egos”.

Portanto parabéns aos novos líderes do agro brasileiro que junto com a diplomacia de estado buscaram seus clientes do complexo agroindustrial norte americano, as associações como AMCHAM, Abimaq, Abrafrutas, ABIA, ABPA , Cecafé, ABIEC, ABAG, OCB, Cosag, Única,  entidades como CNI, CNA, CNC ETC, praticamente toda sociedade empresarial organizada, e souberam atuar junto à sociedade dos Estados Unidos, conquistando positivamente imagem para o Brasil, inclusive a mídia, como aliado dos consumidores dos EUA e de seu mega complexo agroindustrial.

Esse trabalho merece elogios pois tornou mais veloz a evidência do óbvio, o fim da decisão egonômica do tarifaço, que arrebentaria cedo ou tarde. Ainda bem que foi mais cedo, pois na egonomia todos perdem, ninguém ganha. As máquinas, calçados, água de coco, pescados e outros produtos ainda sob tarifaço sairão também sem dúvida. E que o Brasil acelere seu complexo agroindustrial como maior segurança para a agropecuária nacional e que também reveja seus próprios mecanismos de tarifas protecionistas.

Portanto o mundo mudou, o tarifaço fracassou.  A egonomia perdeu, e a nova economia venceu. Cadeias produtivas agroalimentares integrando agricultores a consumidores internacionais. The winner is: the reality show, Mr.Trump caiu na real, a nova economia interdependente mundial. Principalmente nos alimentos.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

Também pode interessar

At the Superior Council of Agribusiness (Cosag) of Fiesp (Federation of Industries of the State of São Paulo), an excellent debate took place this week about the recent megacity Mayor elections.
Segredo número 1 para o enfrentamento do bullying: coragem. Não tema o bullying, pois quanto maior for o seu temor dessa arte demoníaca e sádica, parece ser maior o grau de atração dessa torpe energia.
Ontem (22), na Cúpula do Clima nos Estados Unidos, vimos em primeiro lugar uma retomada dos Estados Unidos, o maior país do mundo, de um projeto de liderança global.
Langoni defendia o crescimento econômico ser prioritariamente dependente do investimento em capital humano, quer dizer, preparar gente competitiva com inteligência de ponta para os diversos setores do país.
© 2025 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite