CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Rádio Eldorado/Estadão - “Tropicultura” os desafios daqui pra frente!

Publicado em 24/11/2025

Divulgação
Paulo Rabello de Castro, economista.

Agrizone, ótima ideia COP30, com show da Embrapa, de Roberto Rodrigues e lideranças agro brasileiras. Foi um marco positivo do país. Então temos aí a “tropicultura”. Conversei com o economista Paulo Rabello de Castro, que me enviou seu provocativo pensamento criando o conceito “tropicultura” com o exponencial sucesso do agronegócio brasileiro nos últimos 50 anos e os grandes desafios doravante.

“Tropicultura” me relembra nas artes a junção dos ritmos nordestinos, e do folk brasileiro, com a bossa nova mais o rock, e o country, onde nos festivais de mpb dos anos 60 criamos a “tropicália”.

Paulo Rabelo, que participou do grupo de estudos que geraram a Embrapa, relembrou que a transformação de uma arcaica “fazenda brasileira” das décadas de 50 a 60 voltadas a uma monocultura de exportação e importação de alimentos contou com brasileiros que alteraram um modo de pensar e mandaram centenas de pesquisadores mundo afora buscar conhecimentos e tropicalizá-los, criando então essa nossa “tropicultura”. 

Demos um salto “milagroso” de 58 milhões de toneladas em 1985 para 350 milhões de toneladas em 2025. Em 40 anos multiplicamos por seis vezes a produção de grãos com uma espetacular triplicação da produtividade por hectare.

Essa conjunção acima se deu por aberturas comerciais, liberdade aos mercados, crescimento das demandas como da China atendidas pelo Brasil, então chegamos ao posto de uma das cinco maiores economias agropecuárias do planeta terra, ao lado de gigantes de capital e de milênios de história como China, Índia, Europa e Estados Unidos.

E agora vem os desafios e riscos levantados por Paulo Rabello de Castro com os quais comungo e aqui também os trago.

O agro brasileiro chegou no Everest, imagem que mostra nossa posição no podium mais alto do planeta em 40 anos. E a pergunta que fica é: o que realizamos para chegar até aqui seria mais fácil do que precisaremos realizar para ir daqui para frente?

Em COP30 Roberto Rodrigues, enviado agro, apresentou um documento tratando do conhecimento tropical como solução global. Neste momento no mundo estamos sob uma maré internacional negativa com o antiliberal Trump. Temos uma gigante econômica China que não havia antes, porém com uma perigosa dependência desse cliente vital. Onde sem ele o Brasil não seria nem sombra do que é.

Investimentos em pesquisa exigiriam muito mais suporte a Embrapa, institutos agronômicos, universidades objetivando palavras ditas in memorian por Alysson Paolinelli: “em cada bioma do Brasil existem dezenas de conhecimentos a serem ainda descobertos”. A liberdade dos mercados agrícolas sob ameaça de barreiras tarifárias e não tarifárias, incluindo estarmos sob investigação dos Estados Unidos por “práticas prejudiciais aos norte-americanos” pelo suposto desmatamento gerando concorrência desleal.

O novo agro tropicultural precisa agregar todas as nações do cinturão tropical do planeta terra, incluir todos os agricultores do mundo, e conduzir um sentido de vida planetário na segurança alimentar, energética, igualdade social e ambiental a favor do clima.

Desafios de profundas pesquisas, de agroindustrialização, cooperativismo, créditos para investimentos e, sem dúvida, de uma liderança com teses corretas as que produzem viradas de sucesso.

Planos como caminho verde no Brasil e no mundo transformando terras degradadas com vida, com dignidade de vida, em todos os sentidos devem ser alvo de intensa comunicação para todo cidadão do planeta terra, ao lado da consciência urbana descarbonizante.

Que essa seja a grande síntese originada na COP30 do Brasil para o mundo. Uma nova grande virada pois, nos próximos anos, fome, indignidade de vida para todo ser humano não será mais tolerável. O mercado será muito maior do que aquele que enxergamos hoje.

Polarizações de agricultores daqui versus agricultores dali são totalmente obras destituídas de fundamentos. Agricultores do mundo juntos como agentes da saúde planetária significam a correta tese daqui para frente e não será possível sem a tropicultura.

Ao Everest e do Everest ao céu que não tem limites, este é o destino agro cidadadania do mundo. E viva a tropicalia e a tropicultura!

E relembrando Paulo Rabello de Castro: “ninguém é maior do que o seu CV”. Fique de olho na qualidade dos líderes, suas próprias histórias não mentem.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

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