Rádio Eldorado/Estadão - Trump: um vendedor do agro brasileiro?
Publicado em 22/09/2025
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Os Estados Unidos são o maior concorrente do agro do Brasil. E sob o comando do jeito Trump de negociar colocando o “food system” na guerra geopolítica, parece que as evidências evidenciam que o agro brasileiro vende mais, tem mais mercados receptivos e em abertura do que sob outros estilos de governar e de negociar do nosso maior concorrente, os EUA.
Crescemos a curtíssimo prazo na venda de carnes para o México, também alvo do estilo Trump “arromba porta que o México é meu”, em cima da presidente Claudia Sheimbaum. Nunca na história do agro norte-americano chegamos no ponto “soja zero” para a China.
Já no governo Trump anterior crescemos a participação brasileira perante a dos Estados Unidos no maior cliente de soja mundial, mas agora nenhuma soja até o instante foi adquirida pelos chineses dos Estados Unidos. Dentro das agroindústrias dos Estados Unidos que precisam de matérias primas para agregar valor, como no café, onde para cada dólar exportado mais de 40 dólares são adicionados na economia norte-americana, e onde também no mesmo dia do anúncio do tarifaço contra o Brasil, a China habilitou 183 exportadores brasileiros de café.
E falando de café, o preço do arábica subiu semana passada mais de 5% na bolsa de Nova Iorque. E agora dia 1º de outubro, Dia Mundial do Café, o Cecafé realizará um grande evento em Roma, na Europa, para o café brasileiro. E Europa e os países do grupo EFTA, Suíça, Noruega, Lichtenstein e Islândia, que reúnem cerca de 300 milhões de habitantes e um PIB superior a 4,29 trilhões de dólares, assinaram semana passada acordo de livre comércio com o Mercosul.
E nas manifestações do vice-presidente Geraldo Alckmin contamos com perspectivas como nunca antes para assinatura de novos acordos neste ano como o próprio acordo Mercosul União Europeia, Mercosul Emirados Árabes, com a Índia, Canadá. Para a África, o Nobel da economia James Robinson, autor do livro “Por que as nações fracassam”, declarou ao jornal O Estado de S. Paulo, na sua edição deste domingo (21), no caderno Economia e Negócios que “a estratégia da política tarifária Trump é terrível. Absolutamente terrível. O Brasil deve reconfigurar seus relacionamentos e enxergar oportunidades na África”.
Na verdade esse grande poder do incômodo, o incômodo Trumpstein, um Frankstein na economia e no jogo do comércio mundial, como sempre o que nos incomoda nos movimenta.
Fica evidente que no comércio de alimentos, questão que envolve sempre a segurança alimentar das nações e dos povos não existe espaço para truques, ameaças, embargos. Vendedor de alimentos no mundo confiança é o cartão de visita, a marca que vale o que ficou combinado.
E neste ponto a confiança em acordos firmados com Donald Trump, em itens tão vitais como alimentos, sem dúvida o qualificam como vendedor número 1 do agro brasileiro. Quem diria: “Trump um vendedor do agro brasileiro”.
Mas isso passa, tudo passa e passará. Está sendo ótimo para o Brasil crescer, diversificar e se movimentar.
É só para finalizar a Conab – Companhia Nacional de Abastecimento aponta para colheita recorde brasileira de grãos na próxima safra 2025/26, devendo superar 350 milhões de toneladas, onde com certeza as perspectivas do biocombustível, etanol, biodiesel, recuperação de áreas de pastagens degradadas ajudam a explicar essa tendência.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.