Rádio Eldorado/Estadão - Ursula Von Der Leyen vai assinar acordo UE/Mercosul?
Publicado em 15/12/2025
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Ursula Von Der Leyen, presidente da Comissão Europeia
Próximo dia 20 de dezembro, em Foz do Iguaçu, reunião Mercosul e União Europeia, a presidente da Comissão Europeia aqui estará. Sra. Ursula Von Der Leyen que tem feito pronunciamentos esperançosos na assinatura do acordo. Ela tem reafirmado que será uma notícia espetacular para o mundo, incluindo um mercado de mais de 700 milhões de pessoas, num PIB de cerca de US$ 22 trilhões, o segundo maior do mundo, numa economia com inovação e trocas comerciais que irá impactar não apenas as economias dessas duas regiões, mas será positiva para o mundo inteiro.
Os setores industriais, comerciais e de serviços europeus, sem dúvida, desejam muito esse acordo por dois motivos essenciais:
- Precisam vender mais para novos mercados e um acordo de livre comércio dará uma gigantesca impulsionada nesses setores que significam praticamente a formação de 95% do segundo maior PIB planetário, o europeu.
- Da mesma forma o setor agroindustrial europeu, que transforma matérias primas e commodities em produtos finais de valor agregado precisam contar com suprimentos de qualidade e custos competitivos, suplementares às possibilidades de fornecimento exclusivo da agricultura europeia, hoje a 5ª maior do mundo, porém superado pela brasileira que a ultrapassou nos últimos 3 anos.
E tem uma terceira boa razão e ótimo motivo, a Europa precisa participar do desenvolvimento da qualidade de vida nos países tropicais, regiões que têm sido os principais lugares de onde levas de imigrantes ilegais procuram dignidade de vida fugindo para as principais capitais e cidades europeias. E nesse sentido o Brasil significaria um importante parceiro estratégico com nosso conhecimento desenvolvido criando um agrotropical único no mundo, totalmente replicável em todas as nações tropicais e sub-tropicais do planeta.
Para o lado brasileiro significará uma nova dimensão de mercados para produtos agropecuários e também para a indústria brasileira de alimentação e bebidas, bem como para biocombustíveis na transição energética. E também para tecnologias de energia limpa como biogás, eólicos, solares e mercados de carbono.
A guerra na Ucrânia serviu para demonstrar a dependência europeia de fornecimento estratégico da Rússia e também serviu para diminuir a expectativa do grande crescimento agrícola esperado do leste europeu.
Os tarifaços de Trump, da mesma forma, obrigam a Europa a criar ações de conquista de novos mercados de forma competitiva como, por exemplo, vender mais para China, Ásia e África.
Os setores agrícolas europeus, estes procuram defender seus interesses alegando não poderem competir com a América do Sul, por que usamos aqui produtos proibidos lá (aqui é tropical lá é temperado!). Na verdade, os subsídios oferecidos aos países europeus na defesa dos seus agricultores são gigantescamente elevados, no período de 2021 a 2027 o PAC, a política agrícola comum europeia, tem um orçamento dedicado de mais de US$ 454 bilhões. Isso equivale a quase três valores brutos da produção agrícola brasileira, ou seja, três safras inteiras com base 2024 de subsídios.
Seus agricultores são extremamente bem protegidos. Se alguém pode declarar concorrência desleal somos nós.
Sra. Ursula Von Der Leyen vai assinar com presidente Lula esse acordo? Dia 20 saberemos se Papai Noel vira aos trópicos tomar uma ducha nas maravilhosas cataratas do Iguaçu, ou se continuará escondido no frio e inverno do hemisfério norte.
Na minha opinião esse acordo será bom para todos, porém a Europa está, neste momento, precisando muito mais dele do que nós.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.